Translate this blog

domingo, 18 de março de 2012

É PERIGOSO A MULHER AFASTAR-SE DO MARIDO?


O texto em pauta é o terceiro capítulo do livro de Gênesis. Lá narra  a história da queda de Adão e Eva. Consta no texto que a mulher  foi abordada primeiro e supõe-se que estivesse sozinha passeando pelo jardim.
Essas informações são suficientes para que algum pregador (na realidade são muitos que fazem isso) conclua que a mulher não deve sair sozinha de casa.
Imagino que as leis islâmicas contra a liberdade feminina se fundamentam nesse texto bíblico. Sabe-se que o fundador daquela religião incorporou crenças  cristãs e judaicas em seu texto sagrado.
É incrível como nós lemos um texto com os “óculos”  do nosso interesse. Lemos o que queremos ler. Nem mesmo texto sagrado escapa a essa enviesada da consciência humana. Talvez a literatura técnica escape a isso, mas não as leis e nem os livros-guias da conduta humana. Nem o  livro sagrado do cristianismo escapa. No mundo masculino vale tudo para manter a mulher sob controle.
Não está dito que Adão não cairia nas lábias da serpente, mas partimos do pressuposto que sim. Se ele caiu nas lábias da mulher que foi seduzida pela serpente, imagine ele se deparando diretamente com a serpente. Seria mais forte do que a mulher?
Uma vez que estamos no campo da suposição, sinto-me livre para conjecturar também. Chego a pensar que a serpente escolheu a mulher para ganhar alguma aposta no meio diabólico. Imagino que ela  propôs uma oposta de que seria capaz de seduzir o ser humano  e  como ninguém apostou que o homem resistiria, então, ela investiu na mulher.
Essa ideia de que a mulher é mais frágil moral e intelectualmente do que o homem era uma armadilha masculina para prender a mulher em casa  e investir sobre  a mulher do outro enquanto o marido viajava.
É certo que a prostituição feminina sempre foi farta e as mulheres de aluguel eram baratas. Fragilidade moral  ou último recurso à sobrevivência no mundo masculinizado?
Parece que nos países islâmicos não há prostituição. E nem precisa mesmo. Com três ou quatro mulheres para cada um e em casa, fica difícil o homem encontrar prostituta disponível fora de casa. Fragilidade moral das mulheres ou uma cultura masculina que tira da mulher a oportunidade de sobrevivência sem a proteção de um  homem?
Campo Grande, 18 de março de 2012 
Antonio Sales    profesales@hotmail.com

domingo, 4 de março de 2012

"A BÍBLIA E A HISTÓRIA"

A teóloga Jo Ann Davidson(*) ao abordar esse tema provocou-me os seguintes questionamentos, que reparto com o leitor.
Leio em seu texto:
“A história humana é uma série de eventos sem sentido? Ou há um rumo central em direção a um objetivo específico, tudo de acordo com um plano? A Bíblia deixa claro que a segunda opção é a verdadeira. Os escritores da Bíblia, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, insistem em afirmar que Deus dirige a história e Se revela nela.
No entanto, nem tudo na história revela a vontade de Deus: os seres humanos são livres para fazer más escolhas, que acabam influenciando a história. A questão é: o fato de que Deus atua na história não significa que Ele causa tudo que acontece. Em vez disso, significa que, apesar das maquinações e da maldade do ser humano, Deus está presente, executando Sua vontade soberana e trará a história da humanidade a um fim grandioso e glorioso.”
Foi dessa perspectiva que minhas questões surgiram. A história tem um propósito pré-definido? A história está em construção ou já está previamente planejada? Como conciliar a ideia de que Deus dirige,  mas não a determina? É possível coordenar e não influenciar?
As civilizações constroem, cada uma delas, a sua história (determinam os seus fatos históricos) ou são os fatos históricos que determinam as civilizações? Dito em outras palavras: as civilizações são produtos ou são as causas da história?
Será que as duas coisas acontecem juntas? Nesse caso, onde entra a ação divina?
Se definirmos que Deus dirige a história, pergunto: qual história? A história secular (política, econômica, etc.) ou a história da salvação? Tenho a impressão que a teóloga misturou as coisas (ou eu misturei?).
Apenas para esclarecer algum leitor que nunca se ateve a esses detalhes:
São fatos (alguns deles) da história secular: guerras, sucessões presidenciais, alterações das leis, recessões ou prosperidade.
São fatos (também somente alguns) da história da salvação: a crucifixão, o pentecostes, o êxodo, o nascimento de Cristo, a conversão de Paulo, etc.
Se Deus dirige a história secular por que os religiosos insistem em afirmar que o mundo vai de mal a pior? Isso não depõe contra Deus?
Se Deus dirige a história da salvação por que alguns insistem em determinar condições para o recebimento do Espírito Santo, etc., como se Ele viesse quando nós o determinarmos? Se Deus está no comando, precisa da ação humana?
Eu, pessoalmente, creio que Deus dirige somente a história da salvação. Todos os demais fatos são produzidos pelo homem. Por acreditar assim não participo de projetos em favor do derramamento do Espírito Santo, por exemplo. Ele virá quando Deus determinar.
Mas a autora citada inclui um subtema em seu trabalho: " o grande conflito e a história". Da exposição feita por ela fiquei com algumas questões também. Fiquei com a impressão de que na luta entre o bem e o mal Deus está pondo os homens para lutar (e morrer no front) contra um inimigo que Ele poderia ter destruído sozinho. "Tudo se desenrola no contexto desse grande conflito" afirma ela. Se esse tudo inclui a história secular a minha impressão parece não ser exagerada.
É justo Deus agir assim? Onde está o equívoco das nossas interpretações?
São muita questões, concordo, mas creio que os teólogos podem nos ajudar.
Nova Andradina, 03/03/2012
Antonio Sales profesales@hotmail.com

(*) DAVIDSON, Jo Ann. A Bíblia e História. In: DAVIDSON, Jo Ann. Vislumbres do Nosso Deus. Lição da Escola Sabatina de 03 de março de 2012. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2012.