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domingo, 23 de março de 2014

PECADORES OU NÁUFRAGOS?

Como Deus nos trata?
No contexto do derramamento do Espírito Santo somos vistos, por um Deus coerente,  compassivo, que se acredita ser de amor, como pecadores ou como náufragos?
Pecadores precisam de punição e náufragos, de socorro.
Pecadores necessitam de arrependimento e confissão, náufragos de ajuda, precisam lutar por sobreviver, clamar e ansiar por socorro. Um náufrago precisa sentir-se perdido, necessitado de socorro, mas não culpado. Precisa clamar por ajuda, mas não por perdão.
Apesar de ter reservas quanto aos ensinamentos que  são transmitidos pelas igrejas não consigo ficar sem visitá-las. Há algumas razões para isso. Uma delas é que passei toda a minha juventude frequentando igreja e hoje essa frequência faz parte da “programação” da minha vida, é um hábito. Outra razão é que tenho bons amigos religiosos e gosto de vê-los em suas igrejas. Igreja para mim é um lugar de encontro com o outro e não somente para adoração. Alguns sermões me entediam pela ausência de objetivo, ausência de  conteúdo e muitos pela repetição. Gosto mais da escola bíblica porque posso opinar.
A lição bíblica de hoje trouxe-me esses questionamentos que exponho aqui. Tratou do derramamento do Espírito Santo e da condição do homem. A exposição da mesma de forma geral direcionou o assunto para o absurdo de admitir que todos na igreja são hipócritas, têm pecados escondidos, compactuam com os erros usualmente praticados na sociedade e precisam de arrependimento e confissão para recebimento do Espírito Santo.
Discordei. Disse que assim como um náufrago ( a figura do náufrago é minha, não estava na lição) não tem que se arrepender do navio ter afundado, também não somos culpados pelos pecados de Adão e não somos responsáveis por nossa carga genética e nem por todas as mazelas que existem no mundo. Não temos que nos arrepender de termos nascidos nesse contexto perverso.
Como náufragos precisamos de orientação, de apoio, de socorro.
Se alguém tem que se arrepender, nesse contexto, é a instituição que não orienta devidamente, que não socorre devidamente, que não apoia e que só condena.
Claro que os expositores ficaram confusos, mas como não sabiam dizer outra coisa além do "amém" ao que está escrito, "rodaram" em círculos e concluíram o que o autor da lição concluiu: somos um bando de maldosos, errantes por vocação, carentes de punição e sob a mira de um Deus ofendido com anosa conduta ou que procura pretextos para Se desculpar da Sua  incapacidade de gerenciar o mundo com tranquilidade.
Discordo disso. Não consigo ver a humanidade como pecadora, prefiro vê-la como náufraga. Penso que somos náufragos e que somos tratados por Deus como náufragos e não como pecadores empedernidos, perversos.
 Sei que há exceções, mas estou pensando na maioria.
O que acha o leitor? Somos (ou merecemos ser) tratados como pecadores ou como náufragos, nesse contexto?
Antonio Sales
Campo Grande, MS,  10/08/2013