Não discuto o Espírito Santo. Se Ele é uma pessoa ou uma
força, se faz ou não parte da Trindade,
deixo para os teólogos discutirem. Não é minha seara entrar em discussões dessa
natureza. Considero perda de tempo porque não há como provar ou fazer
verificações. É possível especular, mas não tenho visto nenhum benefício nisso.
Não vejo as pessoas sendo melhores por discutirem esses assuntos. O que tenho
presenciado são disputas estéreis, arrogância, pretensão de ser o dono da
verdade, divisão por futilidades, inimizades. Tudo que se discute sobre isso é
com base no que os outros, os antepassados creram. Ora, os antepassados creram
em tanta coisa errada, defenderam tantos
mitos, pregaram tanta heresia, eram tão dominados pelo preconceito que fundamentar
doutrina no que disseram e fazer de disso um ponto de discórdia, é estupidez. Ou será que
somente os antepassados sabiam das coisas? Só eles dominavam o conhecimento? Só
eles entendiam a verdade? O que se aprendeu ou construiu depois deles não
tem valor?
Parto de pressuposto de que Ele ( o Espírito Santo) existe,
porque Jesus fez referência a Ele e falou da sua atuação. Jesus enfatizou o que
Ele faz, a Sua ação, e não entrou em detalhe sobre o Ser, sobre quem Ele é. Pelo menos é o que me parece. Por essa
razão não divago sobre a Sua essência e
vou em busca do que as pessoas creem sobre Ele ou esperam Dele.
Jesus, por exemplo, acreditava que Ele contribuía para
melhorar as relações das pessoas com Deus e
com o próximo. Ele falou sobre isso em João 16. Segundo Jesus Ele seria o orientador, o
professor, o conselheiro, alguém que indicaria a direção de um comportamento
humano desejável. Sua função, nessa perspectiva, é motivar a busca pela direção
correta a seguir. Ainda nessa perspectiva não creio que seja correto afirmar,
como fazem alguns, que o Espírito Santo está se retirando da Terra. Vejo
os homens buscando ser cada vez mais
tolerantes, mais compreensivos, colaboradores. Se não estão conseguindo estão, pelo menos, tentando, defendendo essa
postura. Para mim isso é evidência do Espírito Santo.
Para os apóstolos Ele era o inclusivo, isto é, aquele que abre
as portas para que entrem a nações. Os gentios foram alcançados pela influência
Dele. O pentecostes (At. 2-3) revelou
essa Sua função; a função de atrair, "seduzir", oportunizar, incluir.
Paulo foi orientado por
Ele, através de um sonho, para
pregar aos macedônios. Nessa
perspectiva, Ele é o motivador da busca pelos perdidos, o cativador dos
ariscos, o incentivador das casas de recuperação de drogados.
Para o cristianismo clássico Ele é o excludente. É o juiz, o
separador da escória, aquele que
beneficia quem já está sendo beneficiado.
Segundo esses cristãos para receber o Espírito Santo é preciso
superar fraquezas, abandonar os vícios, andar corretamente, etc. Os que ainda
não conseguiram essas proezas não têm o privilégio de recebê-lo. Essa visão parece estar na contramão do que
Jesus disse. Segundo o registro do evangelista Mateus (Mt 9:12 ) Cristo disse que os sãos não precisam de
médico. Os que se salvam a si mesmos podem
dispensar o Espirito Santo, os que já sabem tudo o que deve ser feito
não necessitam dele. Os que sabem o caminho não necessitam de guia.
Penso que é preciso rever o que se prega sobre o Espirito
Santo deixando de lado questões especulativas, ou melhor, divergências
originadas na especulação. É preciso pensar nos benefícios que Ele pode trazer,
na compreensão e tolerância que pode resultar da Sua atuação, no avanço do
conhecimento e no compromisso com a ética que pode vir em decorrência.
Precisamos de um Espírito Santo inclusivo. Chega de exclusão.
Nova Andradina, 12 de agosto de 2012.
Antonio Sales
profesales@hotmail.com