Alguns
pregadores ao discutir o tema da justificação fazem o jogo do pula-pula.
Começam com Paulo, defendendo a justiça pela fé, depois vão a Tiago e defendem
o valor das obras como parte do processo de justificação e, como último recurso apelam para Isaias
dizendo que nossa justiça, isto é, a justiça humana é como um trapo de imundície.
Ao ouvir
isso costumo ficar me perguntando: e o ser humano onde fica nesse jogo?
A
preocupação deles está em defender pontos de vista, dogmas, crenças, mas não em
esclarecer o ouvinte, o aprendiz que fica como joguete nesse pula-pula todo.
Mesmo
correndo o risco de ser repetitivo com relação ao que venho escrevendo vou
tentar expor um resumo do meu ponto de vista.
Paulo
tinha em vista a salvação, a relação com Deus. Para ele o ser humano é aceito
gratuitamente por Deus. A participação
humana nesse processo consiste em aceitar (ter fé na) a proposta divina (Rm 1: 17;
4:1-11)
Tiago (Tg 2:14-26) tinha em vista as relações humanas, a nossa aceitação na comunidade onde vivemos. Justiça para ele é viver corretamente, viver de acordo com as normas sociais e os princípios da moral. Tiago não imaginava que um cristão pudesse se portar como menos dignidade do que um não cristão (Paulo também pensa assim. aliás, ninguém imagina que a graça de Deus seja inútil, incapaz de produzir afeição pelo bem. Essa foi a promessa divina em Gn 3:15).
Tiago (Tg 2:14-26) tinha em vista as relações humanas, a nossa aceitação na comunidade onde vivemos. Justiça para ele é viver corretamente, viver de acordo com as normas sociais e os princípios da moral. Tiago não imaginava que um cristão pudesse se portar como menos dignidade do que um não cristão (Paulo também pensa assim. aliás, ninguém imagina que a graça de Deus seja inútil, incapaz de produzir afeição pelo bem. Essa foi a promessa divina em Gn 3:15).
A fé em
Tiago é aceitação de um padrão de vida decente, acreditar que vale a pena ser
bom, ser verdadeiro, investir no ser humano. De alguma forma, a fé para ele é
crer nas instituições sociais (as virtudes morais de que fala Aristóteles são
valores também para nós, logo, estão institucionalizadas, isto é, são
instituições não corpóreas).
Isaías (Is 59:4; 64:6) por outro lado, denuncia a prática corrupta do seu tempo. A religião de fachada, a exploração do outro em nome da piedade. A balança enganosa e a usura eram práticas comuns nos seus dias. Ainda hoje há quem explore menores sexualmente e se tranquilizam por terem concedido a ele um benefício financeiro que lhe confere a subsistência. São “justiças” ou justificativas imundas.
Isaías (Is 59:4; 64:6) por outro lado, denuncia a prática corrupta do seu tempo. A religião de fachada, a exploração do outro em nome da piedade. A balança enganosa e a usura eram práticas comuns nos seus dias. Ainda hoje há quem explore menores sexualmente e se tranquilizam por terem concedido a ele um benefício financeiro que lhe confere a subsistência. São “justiças” ou justificativas imundas.
Misturar
os três escritores bíblicos me parece impróprio. Tratam de coisas diferentes,
escreveram em contextos diferentes e juntá-los em um mesmo discurso, sem
focalizar as diferenças contextuais, ou
tentar mostrar que dizem a mesma coisa só cria confusão.
A
propósito concordo com os três escritores bíblicos. Concordo com Paulo que a salvação
é gratuita, um dom de Deus. Concordo com
Tiago quando defende que ninguém tem o direito de viver estupidamente como o homem
sem lei.
Qualquer coisa que se faça por nós ou nos
ofereçam (educação, salvação, amizade, amor,
afeto) tem o objetivo de nos tornar melhores, mais humanos, mais
compreensivos, responsáveis, éticos.
Concordo
com Isaias que os corruptos, os exploradores, os mentirosos, os hipócritas,
quando fazem alguma coisa boa é com segundas intenções, logo, a sua
"bondade" é uma exploração, a sua aparente justiça é um engodo, o seu
sorriso é falso e o seu afeto é uma chantagem.
O que não
concordo é que se junte os três para fazer
uma maçaroca e enredar os ouvintes.
Nova
Andradina, 23 de novembro de 2012
Antonio
Sales profesales@hotmail.com