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quinta-feira, 20 de outubro de 2011

DEUS PRECISA DE NÓS?


Quando essa pergunta é feita a resposta imediata que se tem é: não.
Em alguns carros encontramos adesivos dizendo: Deus sem você é tudo e você sem Deus é nada. Esses dizerem, ou melhor, essa crença  nos reduze à insignificância absoluta.
Quem nunca pensou em Deus não tem valor?Minha vida não vale nada? Se eu for ateu então o  meu trabalho e as minhas contribuições sociais não valem nada? O que será que querem dizer com essa frase? É uma ameaça ou uma advertência? É um convite ou  uma intimidação?
Fico com medo quando vejo um adesivo desses em um carro. E se o motorista suspeitar que sou ateu ele me atropelará como se atropela um cachorro louco? E se ele suspeitar que estou me prostituindo,  me executará como se executa um cão com leishmaniose?
Em uma reunião religiosa em que o tema veio à tona e todos diziam que Deus não precisa de nós propus que pensassem em uma família  e  perguntei: em uma família  quem precisa de quem? Os pais precisam dos filhos ou os filhos precisam dos pais?
Resposta imediata: ambos.
A partir daí argumentei que o exposto até ali carecia de sentido e que vinha sendo construído e o tema foi abandonado. O silêncio que se seguiu me deixou perplexo. Entenderam e concordaram? Apenas ignoraram o que eu disse?
Mesmo supondo que tenham concordado ainda penso que a questão não ficou entendida. Penso que na resposta, e quando se calaram, podem ter levado em conta apenas a questões relacionais.  Talvez tenham pensado no fato de que em certa época os pais são o amparo dos  filhos em outra acontece o inverso. Minha questão era outra.
Minha questão é ontológica. Ter a ver com a existência e não simplesmente com a relação. A pergunta era: Deus pode ser Deus sem o ser humano?
Haverá pai sem ter alguém para chamar de filho? Haverá filhos sem ter  pai (um ancestral)?
Haverá broto de uma árvore sem ter resquícios da árvore?
Haverá criatura sem criador? E criador sem criatura? Existiria Deus se nós não existíssemos? Ele seria Deus de quem?
Alguém poderá dizer que o universo tem outros habitantes, logo somos desnecessários. Não entro na questão da existência ou não de outros seres inteligentes, mas não concordo com a conclusão. Minha pergunta é: por que Ele nos criou se não precisava de nós? Estava apenas procurando o que fazer? Fugindo do tédio?
Admitindo que tenha outros planetas habitados, portanto, outras criaturas (essa discussão não está em pauta) Ele seria Deus lá e não aqui. Para ser Deus aqui teríamos que existir.
Pergunta: Existe Deus?
Resposta: sim.
Justificativa: eu existo
Abre parêntese. Suponho que o leitor tenha entendido que não estou dizendo que sou Deus, mas que sou a prova da Sua existência. Algo equivalente a: a minha existência prova que meus pais existiram. Ninguém, em são juízo, me perguntará se meus tataravôs existiram. Fecha parêntese.
O que estou dizendo é que sem nós Deus não existiria como Criador, como Salvador, como Protetor ou outros adjetivos que Lhe atribuímos.
Eu não existo como benfeitor para quem nunca exerci influência benéfica na sua vida. Deus não existe onde Ele nunca atuou. Sendo assim, Deus precisa de nós para existir com tal.
Um homem sem filhos existe como homem, mas não como pai.
Uma mulher solteira existe como mulher, mas não como esposa.
Deus como Deus existe porque nós existimos.
E levando em conta o fator relacional Deus precisa de nós? A resposta está no fato Dele ter nos criado. A menos que admitamos que somos obra do acaso  ou que Ele  nos criou como uma brincadeira, como uma criança brinca fazendo bolinhas de barro e depois atira-as ao léu, somos necessários a Ele.
Meus filhos são-me necessários mesmo quando não estou precisando do apoio deles. Sou pai porque eles são meus filhos e a não existência deles me esvaziaria como pai. A ausência deles seria um indicativo de infertilidade, haveria carência de  sentido na paternidade.
Não sei como se sente uma mulher quando envelhece sem ter filhos, mas sei que esse sentimento tem um nome: “síndrome do útero vazio”. Qual o nome  que daríamos ao sentimento equivalente no homem? “Síndrome da semente que não germinou”?
Quem não faz por acaso, ou para passar tempo, faz porque precisa. Como acredito que não sou obra do acaso creio que eu preciso de Deus e Deus precisa de mim. Talvez necessitemos um do outro em proporções diferentes mas, com certeza,  somo necessários um ao outro.
Campo Grande, 15 de outubro de 2011.
Antonio Sales              profesales@hotmail.com

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