Jesus no
sermão da montanha afirmou que os pacificadores são o mais felizes(Mt 5:9). Por
muito tempo não entendi o que significa
ser pacificador. Alguma coisa começou ficar mais clara após refletir em um
artigo de Kanitz sobre violência simétrica. Penso que entendi melhor o que
significa ser pacificador após ler este texto.
A frase
popular de que violência gera violência só faz sentido quando se tem em mente a
violência desordenada, assimétrica, que se vivencia no trânsito, que se
encontra no contexto da marginalidade,
presente nas famílias
desordenadas. Essa é também
chamada violência selvagem.
Há
violências que não são selvagens, que são controladas, que são necessárias ou
não conseguimos viver sem ela.
Tenho
pensado que viver é em si um ato de violência. Sacrificamos animais para
sobreviver, cortamos plantas para
comer, matamos insetos para nos
proteger, nos estressamos para superar obstáculos, temos angústia quando algo não sai tão bem quanto queremos e desalojamos
do comodismo para produzir.
Para entender essa problemática convém
destacar que há a violência simétrica e a violência assimétrica, com salientou
Kanitz. Uma é ordenada e a outra é desordenada. A violência simétrica,
ordenada, não é geradora de violência. Ela organiza a vida da pessoa, e pessoas
organizadas não violentam.
A
violência simétrica ocorre nos tribunais
quando dois advogados se enfrentam na defesa e acusação do réu. São profissionais de mesma competência, mesma formação,
mesmo preparo intelectual e conhecimento de leis que se enfrentam. Também
ocorre nos rings onde dois
profissionais de mesmo preparo se enfrentam. No futebol os onze jogadores
recebem treinamentos equivalentes, aprendem a organizar a queda, desviar-se do
golpe, protegerem o rosto e conter a raiva, etc. Claro que há exceção, mas aqui
estamos tratando dos casos gerais.
Outra
característica da violência simétrica é que ela tem um espaço reservado para ocorrer. Fora daquele espaço
os profissionais são amigos, bons vizinhos, tomam café juntos. Enfrentam-se
ferozmente no espaço reservado para
isso, mas esquecem o a fúria quando saem de lá.
Uma
terceira característica é que ela tem um tempo para ocorrer. Esse tempo é
anunciado com antecedência permitindo que os profissionais se preparem,
intelectual, física ou emocional para o embate. Terminados o tempo quem perdeu,
perdeu e quem ganhou, ganhou. O certo é que a luta acaba quando acaba o tempo.
Mas há
uma quarta característica: a presença de
um árbitro, de alguém que intervém quando há exageros, quando um corre o perigo
de não suportar o embate ou ser seriamente prejudicado pelo outro.
O árbitro
contribui fortemente para que a
violência seja simétrica, para que um não exagere em seu poder sobre o outro.
E aqui
que entra a figura do pacificador.
Viver é um ato de violência, como já dissemos.
É uma violência continua. O estresse e a angustia são fatores de progresso
pessoal. O sacrifício de animais para alimentação, o polimento de grãos, o
corte e cozimento de vegetais são atos
de violência que garantem a nossa sobrevivência.
Um
pacificador é uma pessoa que ameniza essa violência tornando-a mais próxima de
uma violência simétrica, controlada. Quem luta pela conservação do meio ambiente
é um pacificador.
Viver com
outro ser humano é um constante embate, muitas veze marcado pela assimetria.
Pacificador é aquele que faz a mediação para que a simetria se estabeleça.
É um pacificador aquele que faz palestra sobre relações familiares orientando sobre como diminuir os conflitos. Pacificador é o que denuncia abusos para que alguém com autoridade imponha a ordem e proteja o mais fraco.
É um pacificador aquele que faz palestra sobre relações familiares orientando sobre como diminuir os conflitos. Pacificador é o que denuncia abusos para que alguém com autoridade imponha a ordem e proteja o mais fraco.
Antonio
Sales profesales@hotmail.com
Nova
Andradina, 18 de março de 2013
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