Céu, neste texto, tanto
pode significar o lugar destinado aos salvos na perspectiva cristã, como pode
significar felicidade ou sucesso. Por outro lado a palavra erro não tem nenhuma
conotação de estupidez, desafeto, temeridade, abuso; pelo contrário, erro
sempre indicará o resultado de dum projeto que falhou, uma boa intenção que não
alcançou o objetivo, uma ajuda que foi mal interpretada ou uma tentativa fracassada.
Significará que a pessoa se aventurou
por algo que tinha grande probabilidade de dar certo, mas que pela “lei Murphy” deu errado.
Após essa introdução
que julgo fundamental para que se entenda o texto a seguir comecemos as
considerações sobre duas parábolas de Jesus: as parábolas da ovelha perdida e
do filho pródigo (Lc 15).
A ovelha perdida que,
no nosso entender, não foi rebelde, que apenas se distraiu buscando novas pastagens e testando
novos caminhos, foi buscada pelo pastor que convida amigos para uma festa. Se a
parábola tivesse sido encerrada nesse ponto ficaríamos com a impressão de que o
pastor buscou-a com finalidade comercial ou por compaixão. Ele não queria ter
prejuízo ou então já estivesse se afeiçoado tanto ao rebanho que faria qualquer
sacrífico para resgatar alguma ovelha.
Felizmente o texto tem um
versículo a mais. Jesus disse: “Digo-vos, que assim haverá
alegria no céu, por um pecador que se arrepende, mais do que por noventa e nove
justos que não necessitam de arrependimento”(Lc 15:7).
Por que mais alegria por um pecador que se arrepende? Os que não erram
não tem valor? Há um estímulo ao erro? Sim, é isso mesmo. O céu se alegra com
os ousados, com os que se arriscam. Ele espera que saiamos do comodismo, que busquemos novos “campos” quando os atuais
estão “ ressequidos”, estão já sem vida, quando não oferecem mais perspectiva. Quando permanecer
é deixar de viver em plenitude somos instados a sair.
Observem que a ovelha não recebeu reprimenda. Pelo contrário, tornou-se motivo
de alegria. O pastor da parábola é um pai que se alegra com um filho ousado,
com o filho que busca alternativas. Erro não é problema para o céu, é motivo de
satisfação, de festa. O céu não se alegra com quem não ousa, com quem não tem
autonomia, com quem espera de cabeça baixa que outros ditem as regras, com os
que pisam cegamente no rastro do líder.
Outra parábola é a do filho pródigo. O jovem saiu de casa porque não
aguentava mais as imposições do irmão e a complacência do pai. O irmão,
infeliz, causava desconforto em toda a família, procurava inutilizar as ordens
do pai e dificultar as ações do mais novo.
Entre permanecer inútil e arriscar-se por novos campos dos negócios ou
da agricultura, optou pela segunda opção. A inexperiência e o desejo de mostrar
a sua rebeldia para com as imposições do irmão levaram o jovem a cercar-se de amigos
que vendo a sua ingenuidade o conduziram pelo mau caminho. Tendo se perdido ele
finalmente voltou para casa e foi recebido com alegria. Entre um filho perdido
dentro de casa e o outro perdido fora de casa, o pai preferiu o segundo. Ele ousou,
errou, aprendeu e voltou pronto para viver feliz em casa.
A felicidade pode estar mais perto dos que se arriscam.
Antonio Sales profesales@hotmail..com
Nova Andradina, 07 de julho de 2013.
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