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domingo, 1 de dezembro de 2013

O JUÍZO DIVINO E SEUS SIMBOLISMOS NA BÍBLIA



O profeta Daniel, fazendo anúncios sobre acontecimentos futuros em relação ao seu tempo, anunciou a instalação do Grande Juízo (Dn 7:9-11).  Não discorremos  aqui sobre datas ou previsões de épocas  para tais acontecimentos.  Daremos uma possível interpretação para o simbolismo utilizado. Também não nos aventuraremos a uma discussão sobre as razões do juízo ou sobre quem ele incidiria.
Curioso é que temos uma visão um pouco nebulosa a respeito do juízo divino. Fomos ensinados a pensar em Deus como o carrasco que procura oportunidade para nos perseguir e castigar. Também sempre pensamos no juízo como algo destinado a culpados e, portanto, aos passíveis de castigo. Nessa perspectiva juízo é, invariavelmente, sinônimo de castigo, indicativo de punição certa. É por isso que sempre tememos diante da perspectiva de sermos julgados.
Podemos, porém, pensar em juízo como vindicação, isto é, reparação de danos morais. Podemos pensar em juízo como uma oportunidade de provar nossas boas intenções mesmo que tenham resultado em algo desfavorável a alguém. Em outras palavras: juízo pode ser a oportunidade de trazer à tona a nobreza do nosso caráter mesmo tendo cometido falhas, mesmo que tenhamos, por vezes, deixado a impressão de não sermos tão nobres.
Somos diariamente submetidos a julgamentos pelos pares, cônjuge, superiores hierárquicos, alunos, professores. Esses julgamentos nem sempre são baseados em fatos que justificam o juízo emitido ou que revelam quem realmente somos. Supostamente o juízo divino trará à luz fatos desconhecidos por aqueles que nos julgaram, trará fatos subjacentes que esclarecem o contexto e os motivos. É nessa perspectiva que vejo o juízo divino. O juízo será instalado para defender, esclarecer, passar a limpo.
Não creio que o juízo divino servirá para justificar a Deus porque Deus não se preocupa com a Sua reputação, isto é, com o que pensamos sobre Ele. Foi assim que Ele agiu com Jó quando, o patriarca, questionou a Deus. O Soberano respondeu ao patriarca falando do Seu poder e da ignorância do homem, mas não Se justificou.
Vamos agora ao simbolismo usado por Daniel. Segundo o profeta um ancião dias (pessoa idosa) assentou-se, todo trajado de branco, diante de um trono banhado por rios de fogo.
Entre os hebreus, nos primórdios da constituição da nação israelita, o juízo era exercido por uma pessoa idosa, experiente, e que gozava de boa reputação na comunidade (Nm 11:16). As vestes brancas símbolo de pureza nos falam do bom caráter do juiz. Ele não é amedrontador, é equilibrado, justo e busca o bem das partes envolvidas. Vestes brancas transmitem uma mensagem de paz, falam de tranquilidade.
O fogo, que para muitos simboliza  a purificação, isto é, a punição  ou disposição para punir ao menor indicio de maldade. Para mim significa outra coisa.  Não coloco a Deus no mesmo nível do dragão da mitologia chinesa, que revela a sua fúria soltando fogo pelas ventas. Vejo o fogo no juízo sob outra perspectiva.
 Considerando que na época as lâmpadas eram constituídas de tochas (Jz 7:20) que eram alimentadas por óleo e que para uso doméstico havia as candeias (Mt 5;15) que funcionavam pelo mesmo princípio. Mais tarde denominou-se lamparina ou lampião, de uso a querosene. Diante desses fatos entendo que fogo pode ser sinônimo de luz nessa simbologia do juízo.  Rios de fogo simbolizam claridade, trazendo o indicativo de nada será feito às escondidas.   Tudo será passado a limpo com a maior transparência.
Dessa forma, espero que nosso medo do juízo se dissipe um pouco e que olhemos para o futuro sem medo e com esperança.
Antonio Sales profesales@hotmail.com
 Fátima do Sul, MS, 30 de novembro de 2013.

 

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