O profeta
Daniel, fazendo anúncios sobre acontecimentos futuros em relação ao seu tempo,
anunciou a instalação do Grande Juízo (Dn 7:9-11). Não discorremos aqui sobre datas ou previsões de épocas para tais acontecimentos. Daremos uma possível interpretação para o
simbolismo utilizado. Também não nos aventuraremos a uma discussão sobre as razões
do juízo ou sobre quem ele incidiria.
Curioso é
que temos uma visão um pouco nebulosa a respeito do juízo divino. Fomos
ensinados a pensar em Deus como o carrasco que procura oportunidade para nos
perseguir e castigar. Também sempre pensamos no juízo como algo destinado a
culpados e, portanto, aos passíveis de castigo. Nessa perspectiva juízo é,
invariavelmente, sinônimo de castigo, indicativo de punição certa. É por isso
que sempre tememos diante da perspectiva de sermos julgados.
Podemos,
porém, pensar em juízo como vindicação, isto é, reparação de danos morais.
Podemos pensar em juízo como uma oportunidade de provar nossas boas intenções
mesmo que tenham resultado em algo desfavorável a alguém. Em outras palavras:
juízo pode ser a oportunidade de trazer à tona a nobreza do nosso caráter mesmo
tendo cometido falhas, mesmo que tenhamos, por vezes, deixado a impressão de não
sermos tão nobres.
Somos
diariamente submetidos a julgamentos pelos pares, cônjuge, superiores
hierárquicos, alunos, professores. Esses julgamentos nem sempre são baseados em
fatos que justificam o juízo emitido ou que revelam quem realmente somos. Supostamente
o juízo divino trará à luz fatos desconhecidos por aqueles que nos julgaram,
trará fatos subjacentes que esclarecem o contexto e os motivos. É nessa
perspectiva que vejo o juízo divino. O juízo será instalado para defender, esclarecer,
passar a limpo.
Não creio
que o juízo divino servirá para justificar a Deus porque Deus não se preocupa
com a Sua reputação, isto é, com o que pensamos sobre Ele. Foi assim que Ele
agiu com Jó quando, o patriarca, questionou a Deus. O Soberano respondeu ao patriarca
falando do Seu poder e da ignorância do homem, mas não Se justificou.
Vamos
agora ao simbolismo usado por Daniel. Segundo o profeta um ancião dias (pessoa
idosa) assentou-se, todo trajado de branco, diante de um trono banhado por rios
de fogo.
Entre os
hebreus, nos primórdios da constituição da nação israelita, o juízo era
exercido por uma pessoa idosa, experiente, e que gozava de boa reputação na
comunidade (Nm 11:16). As vestes brancas símbolo de pureza nos falam do bom
caráter do juiz. Ele não é amedrontador, é equilibrado, justo e busca o bem das
partes envolvidas. Vestes brancas transmitem uma mensagem de paz, falam de
tranquilidade.
O fogo, que para muitos simboliza a purificação, isto é, a punição ou disposição para punir ao menor indicio de maldade. Para mim significa outra coisa. Não coloco a Deus no mesmo nível do dragão da mitologia chinesa, que revela a sua fúria soltando fogo pelas ventas. Vejo o fogo no juízo sob outra perspectiva.
O fogo, que para muitos simboliza a purificação, isto é, a punição ou disposição para punir ao menor indicio de maldade. Para mim significa outra coisa. Não coloco a Deus no mesmo nível do dragão da mitologia chinesa, que revela a sua fúria soltando fogo pelas ventas. Vejo o fogo no juízo sob outra perspectiva.
Considerando que na época as lâmpadas eram
constituídas de tochas (Jz 7:20) que eram alimentadas por óleo e que para uso
doméstico havia as candeias (Mt 5;15) que funcionavam pelo mesmo princípio. Mais
tarde denominou-se lamparina ou lampião, de uso a querosene. Diante desses fatos
entendo que fogo pode ser sinônimo de luz nessa simbologia do juízo. Rios de fogo simbolizam claridade, trazendo o
indicativo de nada será feito às escondidas. Tudo será passado a limpo com a maior
transparência.
Dessa
forma, espero que nosso medo do juízo se dissipe um pouco e que olhemos para o
futuro sem medo e com esperança.
Antonio
Sales profesales@hotmail.com
Fátima do Sul, MS, 30 de novembro de 2013.
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