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quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

AINDA MATAMOS OS PROFETAS?



Jesus certo dia pressionado pelos escribas e fariseus disse-lhes que eles eram culpados pela morte dos profetas que tanto veneravam. Eram filhos daqueles que mataram os profetas (Mt 23:29-31).
Na história do povo israelita os profetas não eram bem vindos embora as gerações futuras redessem homenagem a esses corajosos que se levantaram para defender a justiça. Jesus disse que alguns foram mortos no altar, inclusive. Altar era o lugar de proteção da vida. Quando alguém se sentisse ameaçado fugia para o templo e se colocava ao lado do altar, agarrado a ele, e era protegido pelos sacerdotes. A lei levítica previa isso.
Alguns profetas foram mortos no altar. Por quê? Quem eram os profetas?
Profetas eram vozes discordantes, vozes que soavam alertando do engano em que as pessoas se encontravam, vozes que denunciavam a hipocrisia da liderança,  eram pessoas que condenavam a duplicidade no viver, que denunciavam as injustiças sociais e a exploração da ignorância do povo. Os profetas que falavam em nome de Deus condenavam os líderes da nação porque mantinham o povo sob pressão psicológica, opressão econômica e opressão política.
Profetas eram vozes que condenavam o isolamento em relação aos problemas sociais, que se posicionavam contra aqueles que viviam como se os problemas sociais não lhes diziam respeito.
Denunciavam aqueles que viam o “mundo lá fora” como sinônimo de corrupção e os de dentro como seres purificados, imunes a esses malefícios. Eram contra os que separam as pessoas em duas categorias estáticas: os mundanos e os da igreja.
Essa classificação colocava os judeus (e nos coloca hoje) na posição de julgadores do mundo, classificadores de pessoas e nos impede de ver os próprios erros, de tirar a trave do próprio olho.
Eram (e ainda são)  denunciados pelos profetas: os maldizentes, os produtores de intriga, os adúlteros (qualquer espécie de adultério), todos que se julgam superiores pelo fato de estarem dentro do “redil” mesmo que devorando ovelhas e que tenham a pele da cor da pele do lobo. São denunciados o que têm a pele manchada pelo “sangue” de ingênuos que se deixam seduzir pelos seus discursos e se tornam vítimas de suas ideias estapafúrdias.
Os judeus mataram aqueles que denunciavam os que confiavam no templo, numa prática mecânica da religião, e ignoravam as necessidades humanas (Jr 7:4-6).  Rejeitaram aqueles que lhes dizia que a sua religião os estava conduzindo ao abismo, ao obscurantismo, à intolerância. Rejeitaram aqueles que procuravam lhes mostrar que estavam sendo enganados pelos seus líderes, seduzidos por discursos fabricados com intenções de amedrontá-los. Mataram os que lhes diziam que estavam sem crescimento moral e espiritual porque eram mal conduzidos.
Hoje não somos diferentes. Ainda matamos profetas. Se não lhes derramamos o sangue, porque as leis não permitem, provocamos lágrimas copiosas. Causamos-lhes desespero ao verem a nossa estupidez e nossa falta de vontade de abrir os olhos. Matar nem sempre significa tirar a vida; pode significar também amordaçar, desprezar, fazer pouco das suas palavras.
Todos aqueles que procuram abrir os nossos olhos, apontar para o verde que está fora do redil do falso pastor, são excomungados por nós. Preferimos quem nos engane, que nos faça crer que estamos no caminho certo. Preferimos os que nos humilham aos que nos alertam.
Campo Grande, 01 de maio de 2013.
Antonio Sales     profesales@hotmail.com

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