O texto em pauta é o terceiro capítulo do livro de Gênesis. Lá narra a história da queda de Adão e Eva. Consta no texto que a mulher foi abordada primeiro e supõe-se que estivesse sozinha passeando pelo jardim.
Essas informações são suficientes para que algum pregador (na realidade são muitos que fazem isso) conclua que a mulher não deve sair sozinha de casa.
Imagino que as leis islâmicas contra a liberdade feminina se fundamentam nesse texto bíblico. Sabe-se que o fundador daquela religião incorporou crenças cristãs e judaicas em seu texto sagrado.
É incrível como nós lemos um texto com os “óculos” do nosso interesse. Lemos o que queremos ler. Nem mesmo texto sagrado escapa a essa enviesada da consciência humana. Talvez a literatura técnica escape a isso, mas não as leis e nem os livros-guias da conduta humana. Nem o livro sagrado do cristianismo escapa. No mundo masculino vale tudo para manter a mulher sob controle.
Não está dito que Adão não cairia nas lábias da serpente, mas partimos do pressuposto que sim. Se ele caiu nas lábias da mulher que foi seduzida pela serpente, imagine ele se deparando diretamente com a serpente. Seria mais forte do que a mulher?
Uma vez que estamos no campo da suposição, sinto-me livre para conjecturar também. Chego a pensar que a serpente escolheu a mulher para ganhar alguma aposta no meio diabólico. Imagino que ela propôs uma oposta de que seria capaz de seduzir o ser humano e como ninguém apostou que o homem resistiria, então, ela investiu na mulher.
Essa ideia de que a mulher é mais frágil moral e intelectualmente do que o homem era uma armadilha masculina para prender a mulher em casa e investir sobre a mulher do outro enquanto o marido viajava.
É certo que a prostituição feminina sempre foi farta e as mulheres de aluguel eram baratas. Fragilidade moral ou último recurso à sobrevivência no mundo masculinizado?
Parece que nos países islâmicos não há prostituição. E nem precisa mesmo. Com três ou quatro mulheres para cada um e em casa, fica difícil o homem encontrar prostituta disponível fora de casa. Fragilidade moral das mulheres ou uma cultura masculina que tira da mulher a oportunidade de sobrevivência sem a proteção de um homem?
Campo Grande, 18 de março de 2012
Antonio Sales profesales@hotmail.com
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