Este
texto é continuação do anterior com o mesmo título publicado neste espaço.
Dissemos que toda igreja que afirma ser a única detentora da verdade deve ser olhada com suspeita. Estamos falando da verdade religiosa, ensinada pelas instituições religiosas
Dissemos que toda igreja que afirma ser a única detentora da verdade deve ser olhada com suspeita. Estamos falando da verdade religiosa, ensinada pelas instituições religiosas
Em toda instituição cujos lideres são
suficientemente sábios, que tem uma liderança prudente, seus adeptos aprendem que
a verdade que defendem é institucional, isto é, é particular daquela
instituição.
As interpretações
que fazem da Bíblia são influenciadas pelas crenças e concepções da liderança.
Quem concebeu a organização da igreja formulou uma visão própria de leitura
bíblica, defendeu uma crença que ele acreditava ser a verdade, criou o seu
próprio referencial, elaborou a justificativa para a sua concepção e a partir
desse ponto procura ou procurou convencer
outros da validade do modelo criado por ele.
Mas a
interpretação humana tem os limites da humanidade, isto é, da vivência, dos
preconceitos, da visão de mundo e de Deus que o sujeito tem. Tem o limite da
cultura ou ambiente social onde viveu, da família que o educou, dos sonhos que
alimenta e das ambições que cultiva. Enfim, toda interpretação é produto de uma
historia de vida.
Por vezes
supomos que alguém recebeu diretamente a iluminação divina, aquela iluminação
que Deus negou aos outros. Isso é o que se pensa a respeito dos vários nomes
que fundaram ou contribuíram para a fundação de uma religião. Todos que se tornam
fundadores de alguma religião têm a pretensão de serem iluminados ou os seus
adeptos os têm por iluminados. São profetas verdadeiros para o seu povo.
Cada
instituição, portanto, cria a sua própria verdade, sua própria visão de mundo e
de Deus; institui as suas próprias crenças e a sua a interpretação bíblica.
Existem as regras “universais” de interpretação da Bíblia, a Hermenêuitica,
como existem as regras para a interpretação de um texto literário, de um texto
matemático ou de um texto jurídico, mas, em última instância, a interpretação
é um assunto pessoal; ela é resultado de
vivência e das crenças de cada um ou de cada grupo.
Nesse
caso onde está a verdade? Está na instituição religiosa que você escolheu ou
foi convencido a escolher. A verdade religiosa que você crê ser a verdade absoluta
foi produzida e se encontra na instituição à qual você é filiado. Verdade
absoluta é aquela que você crê e defende e é por essa razão que os defensores dessa
verdade são perigosos.
Jesus
disse (Jo 14:6) “Eu sou o caminho a verdade e a vida”. Ele disse que a verdade
não é uma doutrina, não é uma religião, não está na aplicação de um texto bíblico
em particular, não é uma forma de ler a Bíblia. A verdade, para Jesus,
consistia na aceitação do seu projeto de vida para os homens, um projeto de
aceitação das limitações humanas, de tolerância para com o mais fraco e de
incentivo à autonomia no relacionamento com Deus (Jo 4:24). A verdade, para
Ele, era uma relação franca com Deus e não um conjunto de regras. Seu projeto
era um projeto de serviço, de investimento no outro.
A igreja
que se diz portadora da verdade está usurpando um direito que pertence tão
somente a Cristo. Uma igreja séria diria: “nós cremos assim”. Ela nunca diria: “a
verdade é esta”
Se é
assim para que serve a igreja então?
A igreja
é um instrumento para educação das pessoas para a vida em sociedade, para a
autonomia moral, para o desenvolvimento de habilidades relacionais e para a
vida comunitária na perspectiva do cristianismo.
Antonio
Sales profesales@hotmail.com
Nova
Andradina, 25 de maio de 2013
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