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quinta-feira, 14 de julho de 2011

O Homem, a Lei e a Graça em Romanos

A Lei e a Graça em Romanos
Antonio Sales
Neste texto e outros que se fizerem necessários  estarei discutindo uma questão teológica: a  relação do homem com a lei e com a graça. Não sou teólogo mas essa é uma questão que me inquieta de certo tempo para cá. As explicações até agora encontradas não me satisfizeram embora deva reconhecer que a abordagem de Don F. Neufeld foi fundamental para que alguns pontos, outrora obscuros, começassem ficar mais claros.
Evidentemente que não tenho a pretensão de dar a última palavra sobre o assunto e nem mesmo garantir que o leitor consiga entender o meu raciocínio. Se Paulo, e outros autores mais eruditos do que eu, tiveram dificuldades em explicar o assunto sem deixar  margens para dúvidas então é de se esperar que este texto também tenha a sua parcela de obscuridade. Procurarei, no entanto, ser o mais didático que conseguir ser e usar ilustrações, inclusive de ordem pessoal (como fez Paulo), na tentativa de  contribuir para o entendimento do assunto. De qualquer forma, devo adiantar que se conseguir ajudar o leitor será tão somente porque bebi em ricas fontes ou, como disse o gênio da Física Clássica, Isaque Newton, “se enxerguei mais longe é porque estava sobre os ombros de gigantes”.
Primeiramente devo alertar o leitor que eu parto do pressuposto de que Paulo, na sua carta aos romanos, não  está discutindo a lei. Para ele  a lei existe, é boa, santa  e  justa e ponto final. O problema que Paulo quer resolver  é a relação entre o ser humano e a lei. Essa relação que ficou enferma, confusa, depois que os judeus lançaram o “veneno” do legalismo entre os gentios. Primeiramente, segundo Neufeld (2010), os gálatas foram contaminados e depois os romanos. Paulo, desejando antecipar uma possível ida desses judeus a Roma, escreveu aos romanos tratando do assunto e acabou gerando a polêmica nesta outra carta e levando o problema a esses últimos.
Paulo havia superado a dicotomia entre a lei e a graça  quando aceitou a Jesus na estrada de Damasco  mas, devemos admitir,  não conseguiu atingir os seus leitores com a sua mensagem por que estes já estavam enredados pelo legalismo. Já estavam turvados pelo novo “evangelho” que lhes fora transmitido pelos judeus (Gl 1:8). Os judeus haviam lançado dúvida sobre o poder da graça para moldar a vida e por essa razão Paulo faz constantes “apelos” ao nome de Jesus, à Sua morte e ressurreição. Ele quer que entendamos que o motivo de não pecarmos não deve ser a proibição da lei  e sim a transformação produzida pela graça. A situação na Galácia estava tão confusa que até o apóstolo Pedro ficou indeciso e foi preciso que Paulo o advertisse (Gl 2: 11).
Estou concebendo a graça de Cristo com algo capaz de transformar vidas e produzir o desejo de ser bom. Não escrevo pensando naqueles que supõem ser possível usurpar a graça e também não concebo a possibilidade de haver uma “graça barata”. Entendo que a graça é um presente e, como tal, pode agradar ou não agradar, mas não se falar em preço. Em relação a graça dizemos que ela pode ser aceita ou não, mas não pode ser barateada porque é de graça.
Alguém poderá questionar que algumas pessoas passam toda uma vida frequentando a igreja e não conseguem ser salvas. Esse fenômeno parece ser mesmo verificável, mas não é porque “baratearam” a graça, é porque não a aceitaram. Não permitiram que ela atuasse na vida delas. Portanto, no meu entender, não há “graça barata”; o que há são pessoas não salvas.
Eu acredito que é possível ser transformado pela graça. Creio que com a atuação dela na vida é possível controlar os desejos não saudáveis, fugir da imoralidade, abandonar a arrogância, fugir da hipocrisia e viver honestamente.
Vou além em meu raciocínio. Entendo que se eu não acreditar nessa possibilidade de mudança de vida terei perdido a razão de pregar. Nós os leigos não somos assalariados para pregar e normalmente também não recebemos troféus ou menções honrosas pelos nossos feitos. Nosso produto é tão somente a transformação das pessoas para as quais pregamos. Diante disso, sinto que para ser coerente devo crer que a graça tem poder transformador e que há pessoas transformadas por ela. Entendo que não há nenhuma razão para se fazer algo sem recompensa financeira e sem postular algum prestígio popular quando não se alimenta nenhuma esperança que algumas pessoas serão transformadas e farão alguma diferença na sociedade.
Creio no poder transformador da graça e ponto final.
Este assunto continua no próximo número.

Referência
NEUFELD, Don F. A Redenção em Romanos. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2010 ( Lição da Escola Sabatina, adultos, julho a setembro de 2010)
Escrito em 0utubro de 2010 e depois incorporado ao livro: “O Homem, a Lei e a Graça em Romanos”.
profesales@hotmail.com

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