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quinta-feira, 14 de julho de 2011

O Homem, a Lei e a Graça em Romanos-III



Três Concepções de Pecado- II
Antonio Sales
profesales@hotmail.com
Falamos em três concepções de pecado: condição humana, ato praticado e ato em potencial. Sobre as duas primeiras concepções discorremos no texto anterior.
A terceira concepção de pecado é: ato em potencial. Isto é, o desejo ou pensamento que não se concretizou por falta de oportunidade ou por medo de ser apanhado. É o ato que está inibido pela lei. E tanto pode ser uma lei explícita como uma lei implícita. Essa lei pode ser apenas o temor das conseqüências do ato. Tanto pode ser a presença de um vigilante como a ausência do objeto desejado.
Quando a pessoa tem o desejo de cometer um ato maldoso e não pratica por medo de alguma coisa ou porque ainda não teve a oportunidade, dizemos que ela está debaixo da lei; está sendo controlada pela lei. A sua motivação para viver como “boa” pessoa é o cerceamento decorrente da lei.
Lei tem sentido amplo como sinalizou Neufeld (2010). Não se limita à lei dos Dez Mandamentos. É toda norma de saúde, religiosa, civil, convenções ou ausência de algo. Enfim, tudo aquilo que cerceia a prática não recomendada. Tudo aquilo que dificulta a pessoa fazer alguma coisa que ela deseja fazer.
Há pessoas que abandonam o hábito de fumar em presença de uma morte iminente por câncer do pulmão. Essa é a lei que a controla
Se uma pessoa não usa droga porque não encontra a droga ela está sob o domínio da lei (da falta de droga). Está abstinente enquanto a lei (falta de droga) a vigiar. Uma pessoa que não usa droga porque não quer usar embora tenha a droga à sua disposição, é livre da lei (da falta de droga). Rom. 6:17.
Há muitos “violentos” que talvez nunca tenham molestado uma ninguém porque não tiveram oportunidade, não encontraram ninguém mais fraco e desprotegido para  molestar. Estão sob a lei do medo ou a ausência de oportunidade. Há, por outro lado,  muitos que gostariam de poder proteger os mais fracos de qualquer tipo. Eles não estão sob a lei que proíbe a violência. São movidos por outros desejos.
Uma pessoa transformada pela graça abandona os hábitos nocivos por um motivo diferente do temor da morte por câncer (no caso do hábito de fumar). Não pratica a pedofilia em respeito às crianças, não pratica o adultério em respeito ao cônjuge, não mente em respeito ao outro, não rouba porque não tem desejo de roubar.
Mais um exemplo de pecado como ato em potencial: vamos supor que alguém tenha o desejo de invadir  a casa do vizinho e subtrair-lhe um objeto, mas não o fez ainda porque sabe que no quintal do mesmo há um cão feroz que o estraçalhará se pular o muro. Nesse caso o cão é a lei que domina a sua vontade de roubar. Mas, e se ele ainda não invadiu a casa porque sabe que o vinzinho não possui o objeto que ele deseja? De qualquer forma ele está sendo controlado pela lei (a presença do cão ou a ausência do objeto). Está sob a lei.
Qual a concepção de pecado de Paulo em Romanos?
Se com relação ao pecado como condição humana não se fala em culpa também não se fala em escolha. Nesse caso não há interesse prático em discuti-lo. A discussão desse tipo de pecado somente interessa aos teóricos da Teologia. Eles discutirão possíveis formas de Deus lidar com o problema no caso das pessoas que não O conheceram explicitamente, mas procuram andar em conformidade como melhor padrão que puderam obter; pessoas que do ponto de vista moral viveram tão bem quanto conseguiram. È uma discussão interessante, mas sem efeitos práticos e não interessaria a Paulo que estava tratando de questões prática em Romanos.
Do pecado como ato deliberadamente praticado Paulo não gastava tempo discutindo. Ele entregaria diretamente à polícia (se fosse hoje). No seu tempo ele foi muito duro com essas pessoas: entregou-as à Satanás (1Cor. 5:5) “para a destruição do corpo”, isto é, para sofrer as consequência dos seus atos, sem misericórdia. Quem sabe esse indivíduo, ao sofrer diretamente as consequências, se arrependesse pleiteasse a misericórdia divina.
Logo, concluo que Paulo tratava do pecado como ato em potencial. Do pecado que pode ser controlado, que ainda não veio à tona. Daquele pecado que jaz à porta e  pode ser dominado ( Gên.4:6,7). Este assunto continua.

Referência
NEUFELD, Don F. A Redenção em Romanos. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2010 ( Lição da Escola Sabatina, adultos, julho a setembro de 2010)
Texto produzido em Dezembro de 2010 e incorporado ao livro: “ O Homem, a Lei e a Graça em Romanos” publicado em abril de 2011.

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