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quinta-feira, 14 de julho de 2011

O Homem, a Lei e a Graça em Romanos-IV


Terminamos o texto anterior afirmando que Paulo tratava do pecado enquanto ato em potencial, isto e, aquele ato que não foi praticado ainda.  O pecado que “jaz à porta”, o desejo que nos insinua constantemente que devemos praticar algo. Esse é pecado que pode ser controlado pela graça. A graça, ao transformar, confere ao sujeito a força necessária para controlar os seus desejos impuros; para evitar que o desejo mau se consuma.
É desse pecado e que ele está falando em Rom. 6:12. Parafraseando o texto diríamos: não reine o desejo de roubar, adulterar, mentir, ofender, humilhar, etc. Quem está em Cristo é nova criatura (2Cor. 5:17) e superou esses desejos. Seus motivos para não praticá-los não é mais a lei e sim a força que encontrou, na graça, para dominar a si mesmo. Uma pessoa transformada está em pleno domínio dos seus desejos. Essa é a mensagem do verso 12, citado.
Outra passagem que parece oferecer alguma dificuldade é Rom. 7:16 onde o apóstolo diz que “se faço o que não quero consisto que a lei é boa”. Os legalistas pensam que Paulo está defendendo especificamente a Lei dos Dez Mandamentos.
Novamente retomo a Neufeld (2010) que afirmou que a lei em Romanos tem sentido amplo e, de acordo com nossas reflexões em capítulos anteriores, inclui todo obstáculo à prática do mal, isto é, tudo aquilo que dificulta a execução de um plano maldito.
Li algures uma ilustração que relato aqui conforme minha memória permite. Não estou certo de se tratar de um caso verídico e o mais provável é que não seja mesmo. Narro aqui como ilustração apenas porque entendo que nos ajuda a entender Rom. 7:16.
Dizia a estória que um rapaz, viciado em droga, desejou abandonar o vício por suas próprias forças. Passou um dia sem usar mas no outro dia entrou em crise de abstinência e enlouquecido mergulhou na droga novamente. No entanto, não se deu por vencido e manteve o plano de livrar dela. Foi à loja de ferragens e comprou um pedaço de corrente e um cadeado. Chegando em casa chamou a mãe falou-lhe do seu plano e apontando para uma robusta árvore no quintal combinou com ela  o procedimento que esperava dela para ajudá-lo. Disse-lhe que a avisaria quando começasse sentir os primeiro sintomas da crise  de abstinência e que ela deveria amarrá-lo naquela árvore e mantê-lo amarrado por pelo menos 48 horas que era, pelas informações que tinha, o tempo necessária para a crise ser superada.  Informou-a que nesse tempo ele, por certo, pediria a ela muitas vezes que o soltasse, choraria, gritaria enraivecido, machucar-se-ia, mas ele não deveria ouvir os seus clamores antes que ele se acalmasse e desse sinais de sanidade. Passada a crise, disse ele, o desejo de beber água e comer voltaria, o desespero cessaria e então ela deveria soltá-lo e cuidar da sua recuperação física.
Diz a estória que o rapaz venceu o vício, mas, como foi dito, é uma ilustração apenas.
Vamos à sua aplicação: se alguém quer deixar o vício e não consegue então ele concorda que a lei de amarrar o viciado na árvore é boa porque o ajuda no seu intento.
Se alguém quer deixar de fumar, mas não está controlando o seu desejo de fumar, vai desejar que não haja tabaco à disposição. Que os cigarros despareçam para não ser tentado.
Quem não quer roubar, mas não controla os seus impulsos vai concordar que ter um cachorro bravo no quintal do vizinho é uma boa coisa pois pelo menos assim ele não rouba. No meu entender é isso que Paulo está dizendo: a lei (a vigilância) é boa para não controlar quem não se controla.
Antes de terminar este capítulo devo lembrar o leitor de duas coisas. A primeira é que este texto é uma sequência e se alguém perdeu os primeiros capítulos possivelmente não tenta entendido este. Se desejar faça contato que mandaremos o texto completo.
A segunda coisa a lembrar é o nosso pressuposto de que Paulo (em Romanos) não está discutindo a lei. Para ele ela existe, é boa, santa e justa e ponto final. O problema que Paulo quer resolver é a relação entre o ser humano e a lei. Essa relação ficou enferma, confusa, depois que os judeus lançaram o “veneno” do legalismo. Os judeus haviam lançado dúvida sobre o poder da graça para moldar a vida e por essa razão Paulo faz constantes “apelos” ao nome de Jesus, à Sua morte e ressurreição. Ele quer que entendamos que o motivo de não pecarmos não deve ser a lei e sim a graça. Que não deveríamos precisar de controle externo como os judeus supunham.

Referência
NEUFELD, Don F. A Redenção em Romanos. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2010 ( Lição da Escola Sabatina, adultos, julho a setembro de 2010)

Texto produzido em Janeiro de 2011 e incorporado ao livro: “ O Homem, a Lei e a Graça em Romanos” publicado em abril de 2011.

Antonio  Sales
profesales@hotmail.com


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